domingo, 6 de abril de 2008

E a porta aberta

E se eu tentasse e não conseguisse? Não conseguisse e tentasse, insistisse? Se fosse um vício escabroso e eu tentasse? Se eu conseguisse será que diriam, afirmariam sobre mim? Mas se eu tentasse... e se fosse clara? - O punho certo, o beiço denso... afirmariam? - Se fosse de outro jeito? E se eu fosse? Se eu fosse um outro jeito? Se me aproximasse e tentasse, insistisse? E se quisesse, quisesse ser uma cara boa? E se fosse bom, coisa boa? Se não, se sim? Não, sim. Não. E se eu conquistasse? Fosse conquistada?, fosse vergonha? Se fossem as minhas mãos, as nossas? E se fosse? Se fosse? E se?
Eu quis assim tormento, a rua, as pessoas. Nos panos de dentro do dentro, pretendi absurdos visando uma denúncia, cúmplice encardido. Busquei clareza, acolhi-me em arregaços ao canto da esquina sombria. E eu procurei. Gritei quase muito por nada não. Solucei, chamei sim. Achei você. Achei de novo. De novo, no cara ali. Você, eu disse, e repito, eu disse, não você. Soletrei palavrinhas esboçadas, os estranhos me disseram. Armei-me de entorpecentes, eles disseram. Debrucei-me trôpega, disseram. Caminhei vaga desinteressada, e a única coisa que esperava das coisas tuas era que me pisasse.