quinta-feira, 30 de abril de 2009

MUNDO MUDO VASTO MUNDO

Quando penso em O Mundo imagino uma coisa com feição de ruas, personificada. Imagem que se assemelha a de Deus, a do Estado, a do presidente, talvez... imagem que se assemelha a propaganda da natureza, assemelha-se ao que de mais íntimo guardo de minha mãe em mim. Imagem do futuro, imagem do passado, do bem, do mal, da peste. Imagino uma porção de cicatrizes, uma porção de cólera, solução dissolvida na biologia ultra-avançada, raio laser biogenético ultra-nuclear, sei lá, mais que isso, nomes que não sei. Coisas, não penso em um lar, imagino uma cara imensa, rechonchuda, toda colada não de rostos de cidadãos como nas propagandas do governo, mas de pedaços de peles, uma sobrancelha felpuda curvada completando o olhar de complacência e um sorriso de Mona Lisa. Na verdade uma criança, descobrindo e ignorando. Como se soubesse de tudo e, ainda assim. Culpo-o sempre e por isso.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

how near
how far
Nos apropriamos das coisas a ponto de cabermos em todas elas, sermos pedacinhos disseminados, estarmos dentro de algum todo ou de algo que dê um mínimo de autenticidade às nossas decisões, nem isso, simplesmente comunique a outros a decisão da roupa, a decisão da atitude, a decisão de ser e estar - a 'aparência da minha humaneza', por assim dizer. Precisamos caber em nossas escolhas quase que instantaneamente tomadas e cobramo-nos por isso, precisamos caber em nossas "razões", muitas vezes planificadas. Quer dizer, precisamos? Quando se está emoldurado, padronizado, creio que sim. Não que seja uma necessidade real, mas talvez consciência se manifestando, enfim.

Há fórmulas e fórmulas que representam praticamente tudo o que diz respeito ao homem, tudo que já foi constatado através de expressões artísticas, estudos, vivência, enfim, tudo que lhe cabe como medida, e nos equivalemos, comumente, a jargões do que supostamente somos. Além de identificação, idéias em comum, condicionamo-nos muitas vezes a seguir obstinadamente esses "documentos". Uma espécie de religião, mais uma. Assim, acabamos por descobrirmo-nos a descoberta de outros. Imitamos a realidade que enxergamos, a vida que queríamos ter. Tornamo-nos um patrimônio de nós mesmos, um mito, uma cópia do que se passa em nossa própria realidade quentinha. Ou não? Às vezes acho sim.

E sobre as decisões... não sei, esses dias uma abelha rainha, hehe, estava dizendo na tv que, por exemplo, um moleque jogando vídeo-game. Ele precisa decidir instantaneamente, sem o menor tempo para pensar, ponderar. Faz sentido... por isso caber em nossas escolhas, pra nos cabermos, não nos tornarmos desumanos, produtos.

Sei lá, de uma única perspectiva...


O que acham?

sábado, 25 de abril de 2009

Esses gestos estranhos, ausentes de sentido, direções, propósitos reais... vou dizendo e as palavras vão se formando no oposto do que eu gostaria. E aceito porque no fim das contas é algo dito. Um absurdo que me cala. Timidez é um hábito preguiçoso, estou me enforcando com minhas próprias mãos. Medos, palavras. Eca...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Paizão molhou a boca na cerveja suprema, agarrou as orelhas do meninão e, com cautela amável e agressividade excitada, botou a cabeça do garoto entre suas coxas duras e implacáveis, com a intenção de fixar-lhe a cabeça para que não se mexesse. O menino ainda olhou pra cima, implorou mas delicado deixou-se aceitar. O pai abriu a caixa de ferramentas, tirou dali um martelo e cravou-lhe na testa o primeiro pregoo. Esse aqui, exclamou discursivo, foi da primeira vez que montei uma peça lá na empresa. O garoto quis berrar, viu-se sangue novo escorrendo pela face oleosa. Berrou mas o martelar do segundo parafuso encobriu-lhe a vozinha agridoce. Esse, meu filho... foi de quando conheci sua mãe. Toma - estalou o beiço e sorriu sugestivo, mancha negra no lado esquerdo. E o moleque tonto pela vertigem, inquieto pela ligeira dor... mordeu os lábios e, como quem suporta um segredo, mirou o pai nos olhos, dessa vez como um homenzinho. Pai, mamãe vai ficar brava, estamos sujando o chão. Sem jeito mas ainda assim mais forte, o pai acariciou com complacencia o nariz agudo do menino. Debruçou-se sobre a cabecinha dele e sussurrou-lhe ao ouvido "só mais um". Fincou fundo. O menino não sentiu dessa vez. Pai pro filho: Paizinho... Esse prego... Carrega.

um dia eu ajeito bonitinho, tiro um pouco do peso, rs, mas agora tô crua e com sono. blabla.