terça-feira, 9 de dezembro de 2008

sabe essa coisa nova que nasce de você todo dia pra mim é difícil muito difícil porque eu imito essa coisa mesmo quando ela escorre pelas bordas do momento em que você está e eu estou também mas se você não está eu não sei lidar com essa falta com a falta que a coisa de você me faz então eu fico esperando que me venha em vazios nos jingles de natal da praça nos olhos daquele outro fico esperando que passe um carro veloz e despercebido mas com algo que é você e se você está mesmo assim eu gosto do vazio eu gosto da falta me movimento entre os limites porque gosto fico contemplando o nada enquanto qualquer coisa como dizer que sangro que não que chove que nasci que nasceu que sim que morremos que é simulacro que destoa que sinto muito que pequei qualquer coisa como estou na merda é mentira faço questão de ressentir porque na verdade não me importa a sua presença eu só preciso do seu valioso sangue

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sugar Baby

Com um pouco de complacência abra os olhos, ainda na cama, e não pensa. Esfrega o teu corpo contra os ovos da parede, até gritarem, todos, gemendo, implorando... escuta daí a placenta excedendo em gotinhas triviais, coloridas de cinza, uma a uma, esparramadas pelas saídas, tetos, janelas, detalhes. Então levanta da cama, pisa o chão cheio dessas gotinhas cortantes e me encontra no meio de um casebre velho emporcalhado, segue as minhas pistas. Nas paredes da sala quadros sujos derretidos com o tempo, gosma empoeirada e umidade juvenil. Me vê? Atrás do cuco surrealista, sentada num canto escuro. Agarrei meus caquinhos e agora minhas mãos sangram, mas eu não posso cuidar enquanto te observo entrar com os panos molhados, quero te sangrar também. Enquanto essa música toca... Estanca?
Com um pouco de complacência abarca forte a minha mão, quebra os ossinhos dela.

domingo, 9 de novembro de 2008

Fui à cidade comprar um martelinho.
Quebrei os espelhos pra depois catar os caquinhos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Maçãs

Ontem mesmo comi uma maçã.
Chegara em casa com os olhinhos minúsculos de dores, uma peça de engrenagem à garganta, outras três na cabeça. Tranquei a porta, finalizando o truque da salvação, revisitei os clássicos da Disney na TV LCD trocada por algumas peças de meu cérebro. Chorei com o fim e depois caminhei até a cozinha. Aos meus 400 anos não gostava da porra da maçã mas uma maçã era uma maçã então eu a comi. Comi, como se não houvesse outra. Mordi o seu recheio triturando os dentes. Forcei a alma a fim de uma orgasmo digestivo. Maçã... que era tudo em minha vida. Ah maçã... mas eu não pude com o seu fim. Enquanto limpava os dentes com o dedo, coloquei a mesma música porca de sempre que repetiu repetiu repetiu. E foi aí, na decaída do fim da mesma música pro ínicio dela mesma, que percebi: maçã eu te amo. Mas te engulo, é uma pena.
Cai de cara na merda e fica. É isso, só isso.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Moleiro

nos panos da pia suja
vovó fez a janta
com a cara imunda

Um dia no escritório de Papai

Um dia, no escritório de papai... (ai)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Convidei-a, sentamos. Tateei profana uma espada que ferisse seu castelo armado. Feri, ferimos, sangrei, sangramos. Mais nada. Eu no meu azul, ela no dela. Ah dor, seja tenra, minha querida, a querida dela.
Em quais palavras cabe algo que seja ASSIM? Esforço sagrado pra uma, duas, três garrafinhas de sangue e urina entubada. O hospital vazio e na parede uma foto em negativo. Três barcos navegando pelas minhas veias: um sou eu outro é você, gotejando.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Preciso me livrar do seu amor.

sábado, 18 de outubro de 2008

O abuso sou eu, que se paro um pouco pra pensar, me resumo nos acertos de você. Agora habita um senhor no meu tempo vago. E parece que me dói, às vezes, por puro hábito ou algo assim.

sábado, 27 de setembro de 2008

O buraco é mais embaixo. O pessoal fica no clítoris mas o buraco é mais embaixo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Há um tempo não consigo organizar meus pensamentos além de sentir e pensar que nem carro numa foto faiscada. É muito fácil ignorar o tempo ou o estado das coisas em que vivemos e fazer assim como fizeram, ou ansiar pela coragem e pelo tudo que a coisa foi e que reflete nostalgicamente nos documentários e músicas. Porque hoje além da TV existe um computador em minha casa. Talvez hoje a coisa seja outra, ou precise acontecer de outras maneiras, ou um pouco diferentes... talvez outra música, outra cara e sempre outros sentidos e lugares e coisas completadas com coisas vagas, outras coisas vagas... parece que tudo já foi feito. E parece que estou apenas seguindo uma espécie de paradigma ou de razão prévia em não ser tão certeira, já que a relatividade... Ao mesmo tempo pareço apenas complacente comigo mesma.
A verdade é que a(s) coisa(s) que sou não condiz(em) com o que me corrói por dentro, que pode-se considerar digno de explosão e de certa nostalgia sim, mas que precisa, quando alheia no ar, de uma unhada dolorida ou não, mas bem no centro egóico de suas intenções descabidas a mim e ao meu tempo, se bem que tempo... É como se eu gritasse silenciosamente por alguém que me desmentisse e, assim, suprisse esse sentimento inominável tão intenso de ódio e essas coisas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Máxima

//Estava ali, esteve sempre. Mas agora estava ali e não se esboçava. Imóvel, estava ali e eu fingia que não. Então eu terminei de comer enquanto aquela alguma coisa não engolia. Limpei as mãos na coxa enquanto aquelas mãos dela não feriam. Pensei no que seria enquanto ela não era. Levantei-me contando as moedas e segui pisando enquanto ela, escondida, mas vivia. Parei, distraída, olhei: havia sumido, em seu lugar um vaso de flores da estação. E de seus rastros, apenas um: a falta que em mim me faz um pedaço de nada, contemplativa sombra, vulto paranóico. Mas assim não houve despedida, nem porquê, nem... houve todo o resto e eu me vi ecstasiada de vento na pupila. Lá dentro alguém gritou e o grito ecoou no espaço em branco ou preto não se sabe mas alguém deixou de existir e alguém melhor desafogou do útero ecoando mais e mais o grito que alguém gritou no tempoespaço do silêncio branco ou preto não se sabe mas alguém gritou...
//Assim será a história de quando eu nascer, bem se sabe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Q&Q

_Ouvi dizer sobre a vizinha que foi pro céu. Sentiu um baque e viu a luz. Tadinha, só esqueceu de lavar a louça. E agora o povo, loucos de inveja e nojentos pela pia, rezam todos os dias pra Deus iluminar o homem macho - que lave e passe e limpe. Rezam muito pela polícia - que venham dar um jeito na louça -, também pela máquina - que seja humana, que lave e passe e limpe. Às vezes reúnem-se a pedir por eles próprios: que minha casa no céu seja enorme e que alguém me cure a hemorróidas. E assim caminha a humanidade.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Um silêncio

Impressionante como eu fui virando todas as tuas palavras. Moldada, cuspida ao fisco de alguns dias anteriores - um espaço, um tempo, uma situação e o céu uma abstração familiar. Como fossem dias e eu vivesse uma vida inteira errando pelas tuas palavras já tão vividas. Valem tanto, eu me calo.

domingo, 3 de agosto de 2008

Voltei de viagem e me trouxe um pouco de volta.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Enquanto esperando sirva-se de mim. Fala-me do gosto, abocanha um pedaço a mais e geme as minhas letras. Fode a vida, escancara o nervo, assopra. Faz do vento fogo alastrando, salta do prédio do império, da ruga, do tempo. Renda-me coisas dolorosas, gastrites, manias, absurdos. Diga-me A Coisa, enquanto eu espero que me venham detalhes, me venham sexos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

coisa dita
coisa inaugural
coisa

terça-feira, 1 de julho de 2008

Envelheço na cidade (e nas serras também)

///De tudo muito afetado, as pessoas.
///O carinha branco ainda pediu cigarro, acendeu e virou cor. Antes, olharam-se bem, como quem diz te conheço, conheceria. Talvez saiba de mim, dessas coisas já ditas que sou feito, e dos detalhes é que me valeram. Geralmente soluço ao crepúsculo me achando meio ridículo. Sabe, por um minuto e talvez agora, emboscado, cumprisse fardado a felicidade que nos escapa, única e inefável condição por que te olho e enfim, descresso. O problema -não que haja problema, é verdade- mas o problema é a culpa de quem ficamos, antepostos ao teu toque. Não nos quero agora nunca, eu nunca.
Então azul. De gelo, peso, azul.
///Fumantes, bêbados, ecstasiados, ursos, camaleões, o cara que me rouba, a puta que me olha. A ideia principal era o meio, os três cantos bons e música lisérgica. Ácido no menor, um velho desvivido criara laços perpétuos com o desachar. E havia intrínseco em sua representação profana o fundo roxo que cravaram-lhe na cara, em pequenas porções de veneno bruto ao singelo hábito, tabaco. Alguém sorriu e incomodou. Alguém, que fosse, pisou em seus pés. Alguém comprou, alguém insistiu. Alguém assistiu, alguém fez. Mas um outro alguém -nome e rabo grande- ousou dizer: Vai. Vai revirando que no teu buraco não passa boiada, passa frio, não passa nada. Sentiu as mãos tremulas. Depois, o gosto amargo e pensou que sim.
///O Suicídio.
- É isso, parece que vou indo, dessa vez sem levar nada. Nada que pudéssemos contemplar ou fingir ser a pastagem, o gramado ralo à vista distorcida do trem que nem somos. Ficamos os chinelos, os cabelos grudados ao travesseiro ainda úmido de suor gostoso e templário incompleto. Mesmo que fosse pra sentir mais tarde a gaveta da pia inchada de colapsos e manias neuróticas tuas, que não existe. Mesmo que soubesse -desavisado presságio que sou em dias frios-, mesmo que adivinhasse brincando as palavras que não seriam. Eu sempre cuidei muito de ti, pra que cuidasse de mim, mas agora me parece que não, não podes afagar o peito em mim abatido, não comerás por mim nem beberás de minha fonte. Nem eu da tua. Os pratos cheios de comida, comecei a escrever um romance naquela manhã insistida. Não disse, não digo, mas é que me poupo o exercício. Privo as imagens, guardo em minha ausência - substituindo as caras que encontro aí, pelas ruas da cidade, quem sabe não recolho o nosso fôlego, encardido-. O problema -destruo as tuas palavras- não é em nós, repito, que não existimos. O suposto receio é de mim. Eu precisava renascer e aprender a cuspir um chão familiar, como a música que tocava, ainda toca, junto com a gente digerindo o que de peso há no ar. Fora as cores que finjo tanto gostar. Mentira, eu as amo, e pago um preço caro em prestações de introspecção: a tua liberdade adjunta ao meu ocaso. Não sei o que digo, mas sei que preciso. Preciso tanto como não precisar mais e, ainda assim, ter que. Não sinto mais o prazer em tuas carnes, outra mentira, guardo a tua mão entre as pernas, mas eu não posso ter a ti, se tenho o mundo. E o mundo não me tem, se ao penhasco dos teus sonhos me prendes. Não me importa o fluxo que segue a linha do trem, não, nem quão verde deveria ser a primavera ao nosso redor. Agora eu não posso, não devo.
///Estas palavras, exatas palavras. Proferidas de uns lábios tensos, grossos. Foi tudo o que disse, ele, o que deixa. Tudoporque...

QUEM NÃO LER POR PREGUIÇA CARREGARÁ UMA CRUZINHA TAMANHO MÉDIO DURANTE O RESTINHO DA VIDA.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Arvere geneaolocica (pequei na batatinha)

Minha ancestral macacal quando participava de um bacanal dizia: cada um é cada um. Meu avô legal de terno social passou pra frente e disse: o povo unido jamais será vencido! Hoje em dia minha colega sapeca pelando na bicicleta diz: é cada um no seu quadrado e só.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Não sei até que ponto devo desacreditar ou ter uma crença, punho analógico, digital ou de ferro? Choose one, choose life (...)

domingo, 22 de junho de 2008

Nesse ritmo de tédio meio empoeirado, deixo uma maravilha de dosagem ácida arder vivo.
Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...
Niguém podia mas entrou.

Qualquer Coisa

Muito às vezes eu tento supor em qual parte da minha natureza alguém se afogou, se foi por descuido ou se foi o quê. Concluo logo que deveria tomar mais cuidado - uma hóstia do próprio corpo que eu tenho presa à goela clama por um outro, mas já sem tempo intimida. Exibe-se à frente e me acaba no desatino de ser sem perceber. Então, perscrutando as minhas aparências, fico sonhando em que canto dos meus já se encontram vestígios, não de saudade, mas do que eu ainda era. Tão estranho como puxar firme o grande motivo pelo qual me arrombaram num elogio nu, na fraqueza espontânea purifico-me. Penso que todos - o meu Deus Interior, a minha mãe, as gentes, os que eu não conheci - sabem e reconhecem, olham encarando a lágrima dos atos meus que ninguém sabe e que, num silêncio perpétuo, ousam saber.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Consolação barata de dois conto? Silas Jovem & the Abacate Atomic. Fuma Derby, ronca que nem gente e come feijão com pão.

sábado, 7 de junho de 2008

sábado, 31 de maio de 2008

Por algum motivo incontestável dei meus chinelinhos azuis ao boi que passou e pediu por um.

domingo, 6 de abril de 2008

E a porta aberta

E se eu tentasse e não conseguisse? Não conseguisse e tentasse, insistisse? Se fosse um vício escabroso e eu tentasse? Se eu conseguisse será que diriam, afirmariam sobre mim? Mas se eu tentasse... e se fosse clara? - O punho certo, o beiço denso... afirmariam? - Se fosse de outro jeito? E se eu fosse? Se eu fosse um outro jeito? Se me aproximasse e tentasse, insistisse? E se quisesse, quisesse ser uma cara boa? E se fosse bom, coisa boa? Se não, se sim? Não, sim. Não. E se eu conquistasse? Fosse conquistada?, fosse vergonha? Se fossem as minhas mãos, as nossas? E se fosse? Se fosse? E se?
Eu quis assim tormento, a rua, as pessoas. Nos panos de dentro do dentro, pretendi absurdos visando uma denúncia, cúmplice encardido. Busquei clareza, acolhi-me em arregaços ao canto da esquina sombria. E eu procurei. Gritei quase muito por nada não. Solucei, chamei sim. Achei você. Achei de novo. De novo, no cara ali. Você, eu disse, e repito, eu disse, não você. Soletrei palavrinhas esboçadas, os estranhos me disseram. Armei-me de entorpecentes, eles disseram. Debrucei-me trôpega, disseram. Caminhei vaga desinteressada, e a única coisa que esperava das coisas tuas era que me pisasse.

sábado, 22 de março de 2008

O Pós-folclórico

Não entendo: papai online pôs no nick "Volto logo" e explicou que ia comprar cigarros. Nunca mais voltou.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Duas coisas:

Olha, eu vou falar hein... que por incrível que pareça... as... as coisas acontecem. É... eu sei... e... se você quer mesmo saber... tem mais: acontecem a todo tempo; lá, aqui, e acaba que todo mundo faria uma coisa dessas.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A Vida Como Ela É Rs


_Meu nome é Criôlo. Tenho todos os dentes, estudo no primeiro colegial... e tem a Mariá. Toda vez que ela abre as pernas eu tenho vontade de ser a calcinha dela, mas, claro, não conto, só dou uns tapinhas na costa dela e xingo a mãe. Ofereço doce, às vezes também. Na última aula de artes que não teve, a gente aprendeu a escrever pro Vestibular (a pfessora diz que é um absurdo, já não é como era antes e que em 1930 tudo isso daqui era mato; meu pai morto não diz nada e a minha mãe diz que "tem quê, Criolinho..."). Mas ai o tema, não o assunto, era pra fazer sobre A Foca. O meu deu 20 linhas, quem fizesse tudo saía mais cedo e eu queria jogar, escrevi que "a foca, no contexto atual de hoje em dia, tem sido muito valorizada. Nunca se falou tanto nela como tem-se falado, portanto ela é valorizada". Todos gostaram e eu mostrei pra minha mãe. Mamãe diz que provavelmente na outra vida ela era rica e poderosa, gostosa e que apesar deu ter nascido, ela me comprou as fraldas. E me ama muito. Eu também, às vezes só que fico puto, quando dizem que pareço com ela coçando o nariz e remexendo o pé numa espécie de dança, um movimento circular que estrala os ossos que a gente faz quando vai conversar, espreguiçando os dedos e arranhando as sujeirinhas do chão.
_Nesse meu último aniversário, ela me deu um ternozinho pra formatura do Zé... fiquei tosquera, pinguim garçom, tiozão, mas vá lá, tá bem, achei bem bom quando olhei no espelho e vi a minha cara de gel no cabelo. Queria mesmo envelhecer o caráter, já fumo, já bebo... fiz a barba, daí. Tirei umas fotos pra Mariá ver - coloquei uma minha pelado fechando os braços também, mas ouvi dizer que pinto de preto é feio e daí tirei - eu gostava de olhar ela mascando chicletes, gostava mesmo. Ela abria tanto a boca que via de muito pertinho as extremidades molhadinhas da gargantinha dela. E ficava tudo azul, de céu, de chicletes. A parte que eu mais gostava era quando grudava nos louros de piaçá... ela ia toda violenta arrebentando fio a fio, e aquela gosma azul no cabelo, na gengiva. Linda... linda como uma vaca, parecia uma, disse a ela, e eu já imaginava ela todinha de azul, roxa de veia, não, de artéria, não. Tudo azul, roxo, verde... lindo.
_Mas ai uma coisa que me dá medo é a minha tiavó. Me faz esquecer tudo, e eu fico com nojo. Nojo de ver ela comer metade e urinar nas calças, rs, nojo dos sapatos marrons de fivela e das gravatinhas, dos lenços, das meias finas. Da última vez que a tia veio em casa, torci mas torci forte pra ela engasgar com a espiga de milho, mas Deus me livre bati três vezes na madeira. Me dá uma coisa ruim, um arrepio na espinha de olhar pra dentro dela e ver que não tem, é meio engraçado, às vezes eu olho pra ela e ela olha de volta mas olha como se a gente não pudesse olhá pra ela... Fico triste mas logo passa, eu tenho todos os dentes, ela não.
_Mas enfim, preciso aprender primeiro, depois ser, depois sentir. Vesti o terninho da formatura de novo, fiz a barba e convidei Mariá minha prima pra irmos ao cinema, roubei uma bala e dei pra ela. Ela me deu um filhozinho lindo. Uns anos depois - ela 19 e eu 22 - a gente casou, cresceu, sabe?, aí eu vesti um ternozão grandão que a prima deu preu ir, assim, no enterro de minha tiavó. Na volta, passei na padaria e comprei um pirulito azul de chicletes dentro pra minha mãe e ela adorou, tadinha.

terça-feira, 4 de março de 2008

Um Blefe


_Austero, em sepulcro, vieste-me cinza, tomado. Eu em branco, em restos, escarros, em súbitos que me queria sendo, via os lares, via as casas, via verde de sangue a tez encanecida em poros que cortavam pão à fio de ferro, de nylon, à faca. E de repente não houvesse distinção, agarrou-se a mim num íntimo de insegurança... e era insólito, impune - imundos - aos coletes de serpentes desusados, fizemo-nos ímpares, enfiamo-nos esfera à dentro de tudo. E foi tudo. Eu quero tudo.
_Leve, em flâmula, rasgaste-me os sentidos, as aparências e tremula da voz que seguiu, aliciante, macilenta, fulgurante. Suspiro enaltecido antes da fala, lume de enxagues, arrebataram cílios de touros às tardes lascivas - que te endureceste, meu bem? Os fluídos infindos das noites não repousam nas tardes, nem nos livros, nem nos tons de sépia aos olhos crus, crus de nefastos e belos que me são em ti, às sombras e ao chão, ali, e como és bom, como és bom: insultaste-me em pedra, em asco, em tua clara e pura lei, leito discrepante que dissipastes, ateu e rijo. Vieste a mim, vestiste a minha roupa e eu emudecida, nua. Em branco, eu que era tudo. Queres tudo?

domingo, 2 de março de 2008

FILTRO: li na veja


_ Após tentativa frustrada de suicídio, acionista da bolsa de valores decide doar seu macaco-prego à instituição de caridade local.

_Coelinho da Páscoa, após acusar seu chefe Moacir, O Coelho de abuso sexual, pede demissão. "O crime não compensa", afirma.

_ Jesus, em sua última visita à América dos Estados Unidos, em verdade, vos digo, aos Estados Unidos da América, assinou termo de compromisso com a língua das Estátuas, das Torres e das Liberdades. Segundo o documento, que veio a público nessa segunda-feira, três de março, neguinho que não pronunciasse "JGyzuz" de maneira correta, ou seja, à partir do decreto, de acordo com as normas gramaticais americanas, estaria sujeito a um regime de água, luz e à lei seca dentre um período de quarenta dias.

_ O tsunami Nati: mal o pitboy cochila, ela se joga no "emo". No atual Big Brother, as mulheres mandam e os homens só dizem amém.

_Saúde sem neurônios: por que não baixar o colesterol, a pressão e a glicemia a níveis extremos pode ser bom para o coração.

sábado, 1 de março de 2008

1

eu que era tanto eu que fiz eu que fui eu que quis eu que.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

jun, dez


_Preciso sair disso, dessa coisa, desse oco, antes que o seja. Apalpei os pulsos forte, certa, densa... estranho como se meu próprio corpo fosse uma coisa própria. Coisa sem mim. Todos uns desenhos em preto e branco que sou sem ser... Doutor? Preciso sair disso, dessa coisa, do oco.
Esmurrei o ar, respirei o ar, fundo... eu precisava.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Santo De Bolso

Mãe Preta, diga aos filhos:
Cê pensa que é gente?
Cê é bicho
Rato ogro de banheiro imaculado
Mas é macho, é fêmea, é macho
é forte, é bravo, é gente.

Mãe Preta, SALVA os filhos
Salva as puta
Salva as gente
Salva eu
Come o pão e bebe água
Extravasa de dentro e cai pra fora
Sente o gosto, colchão macio
Carne-De-Sol

Mãe Preta, vê bem, mãe
enlaça teus filhos, Fulanos
prega o útero na parede descalça
cospe bença e

A
M
É
M
.



Mãe-de-todos
me abre as pernas
me traz à vida
- O meu nome tem P de Maria,
Maria Aparecida. Faço tripas do coração,
dou pros filhos
e que saibam:

A m i n h a m ã e é p r e t a
Minha mãe é preta.
EU NÃO.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

À espera de minha vida:

Varais, varais vários e a mão firme, pesos de porta, cinzeiro, aroma quatro estações, carpete cor-de-bosta, insenso sagitário, insenso touro, capricórnio, buraco de fechadura, ruído de rua, a santa ceia, parede esquerda, faca de peixe, de pão, abajur na sala, no quarto, telefone sem fio, bicicleta que não ande, esteira, pato de borracha, camaleão, periquito, insenso gêmeos, persiana, livros que não leia, gel pra massagem, controle de tv, papéis, grade de janela, chão descalço, entulho de remédios, pra aids, vestido de veludo, vermelho, espada arcaica, espelho central, fome de escargot, popart, cachorro pra não cuidar, artesanato de Seusãolonguinho Do Bom Pulo, tocador de vinil que não toque, espaço vago, merda no quintal, filtro dos sonhos, ruído de vento, quebra cabeça coleção 100 anos, tv à cabo, pinico, o primeiro telefone na face do mundo, máquina de escrever que não escreva, fome de, sacola plástica Supermercado Aparecida's, copo da confraternização, do time, do caralho a quatro, fedôr de chuva, lenço de nariz, coleções, coleções que não sirvam, máscara de oxigênio pra desalergia, couxa no sofá sem chão, castanhas, pastilhas, insensos, maguaris, Louças, louças várias e a mão trêmula., roupas que não use, cheiros que não cheire, coisas que não me sejam, hábitos que não tenha;



quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

" "

_Olhou pra mim com cara de desgosto, mas confirmou, fez que sim e veio vindo. Fez-se reto e caminhou sóbrio a destroçar os azulejos riscados do chão de asfalto em passos largos de homem macho. Camisa na mão de veias e músculos pulsáteis, velhos e bem vividos. Cara de cortes fundos de faca afiada e sobrancelha rachada de tanto que, uma única vez em sua vida - afirmava no jeito de olhar - debruçou-se de dentro pra fora.
_Então foi vindo, impetuoso e alto e inatingível, tanto que, às vezes foi por descuido, mas houve um momento em que agachei-me para amarrar as sapatilhazinhas de cristal. Nesse momento, lembro-me dos ouvidos fartos de berros puros e desgarrados, rancou-me os lacinhos cor-de-rosa que mamãe havia feito antes do jantar. E aí eu vomitei.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

ROTINA INA INA

_Vou pro céu, eu sei: parei, pensei pensei pensei. Decidi: voltei, apaguei a luz. Poupei árvores, tatoei a Vale, velho, a Vale e expliquei teorias, o universo e Deus. Sentei no sofá, um copo d'H2O. Terminei e a Coca. Voltei, pensei pensei pensei. Decidi: liguei a TV e a luz apagada.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Contos castros e sem-graça, não desgraçados

_A convivência só era suportável pelos fins enobrecidos: faziam-se ares noturnos todavida sobrecarregados de suor, sebo e suor. Era só insuportável por todo o resto que tremia a perna e pensava em suas várias pessoas - Ás de espadas e de todos os maus hábitos que lhe pertenciam, as pessoas que lhe eram - era o ócio e o era árduo, mas beirava o agradável às dez e meia e meia depois da noitinha, quando calados e belos; aliás, o hábito era estranho, o de suspender o volume de música nenhuma. Quisera aumentar de uivos e quisera sê-lo como os de um porre de inspiração, tanto azedo e cheio de lugares; tanto escasso e insoluto - olhássemos de perto, veríamos as bolhas de oxigênio e a poeira encrustrada nos poros, nos becos e na saliva. O diálogo era sem o ser, e a gasolina nessas horas, sólida.
Presos no peito do pulmão, tragados ao lado do azedume de ter a sensação, fê-los - a biologia o curinga - abdicar descuidadamente do que cada um tinha cuidado, durate toda a sua vida curta, de ser.


(...parte de alguma coisa ou coisa alguma. Que continua...)