segunda-feira, 10 de março de 2008

A Vida Como Ela É Rs


_Meu nome é Criôlo. Tenho todos os dentes, estudo no primeiro colegial... e tem a Mariá. Toda vez que ela abre as pernas eu tenho vontade de ser a calcinha dela, mas, claro, não conto, só dou uns tapinhas na costa dela e xingo a mãe. Ofereço doce, às vezes também. Na última aula de artes que não teve, a gente aprendeu a escrever pro Vestibular (a pfessora diz que é um absurdo, já não é como era antes e que em 1930 tudo isso daqui era mato; meu pai morto não diz nada e a minha mãe diz que "tem quê, Criolinho..."). Mas ai o tema, não o assunto, era pra fazer sobre A Foca. O meu deu 20 linhas, quem fizesse tudo saía mais cedo e eu queria jogar, escrevi que "a foca, no contexto atual de hoje em dia, tem sido muito valorizada. Nunca se falou tanto nela como tem-se falado, portanto ela é valorizada". Todos gostaram e eu mostrei pra minha mãe. Mamãe diz que provavelmente na outra vida ela era rica e poderosa, gostosa e que apesar deu ter nascido, ela me comprou as fraldas. E me ama muito. Eu também, às vezes só que fico puto, quando dizem que pareço com ela coçando o nariz e remexendo o pé numa espécie de dança, um movimento circular que estrala os ossos que a gente faz quando vai conversar, espreguiçando os dedos e arranhando as sujeirinhas do chão.
_Nesse meu último aniversário, ela me deu um ternozinho pra formatura do Zé... fiquei tosquera, pinguim garçom, tiozão, mas vá lá, tá bem, achei bem bom quando olhei no espelho e vi a minha cara de gel no cabelo. Queria mesmo envelhecer o caráter, já fumo, já bebo... fiz a barba, daí. Tirei umas fotos pra Mariá ver - coloquei uma minha pelado fechando os braços também, mas ouvi dizer que pinto de preto é feio e daí tirei - eu gostava de olhar ela mascando chicletes, gostava mesmo. Ela abria tanto a boca que via de muito pertinho as extremidades molhadinhas da gargantinha dela. E ficava tudo azul, de céu, de chicletes. A parte que eu mais gostava era quando grudava nos louros de piaçá... ela ia toda violenta arrebentando fio a fio, e aquela gosma azul no cabelo, na gengiva. Linda... linda como uma vaca, parecia uma, disse a ela, e eu já imaginava ela todinha de azul, roxa de veia, não, de artéria, não. Tudo azul, roxo, verde... lindo.
_Mas ai uma coisa que me dá medo é a minha tiavó. Me faz esquecer tudo, e eu fico com nojo. Nojo de ver ela comer metade e urinar nas calças, rs, nojo dos sapatos marrons de fivela e das gravatinhas, dos lenços, das meias finas. Da última vez que a tia veio em casa, torci mas torci forte pra ela engasgar com a espiga de milho, mas Deus me livre bati três vezes na madeira. Me dá uma coisa ruim, um arrepio na espinha de olhar pra dentro dela e ver que não tem, é meio engraçado, às vezes eu olho pra ela e ela olha de volta mas olha como se a gente não pudesse olhá pra ela... Fico triste mas logo passa, eu tenho todos os dentes, ela não.
_Mas enfim, preciso aprender primeiro, depois ser, depois sentir. Vesti o terninho da formatura de novo, fiz a barba e convidei Mariá minha prima pra irmos ao cinema, roubei uma bala e dei pra ela. Ela me deu um filhozinho lindo. Uns anos depois - ela 19 e eu 22 - a gente casou, cresceu, sabe?, aí eu vesti um ternozão grandão que a prima deu preu ir, assim, no enterro de minha tiavó. Na volta, passei na padaria e comprei um pirulito azul de chicletes dentro pra minha mãe e ela adorou, tadinha.

2 comentários:

Unknown disse...

texto indefinivel, rico, dificil de comentar, e que sempre deixa com duvidas... e A Foca! =]

Unknown disse...

Noss...paguei pau msm, curti d mais
Mas agora quero saber, qdo sai o livro de crônicas??