terça-feira, 1 de julho de 2008

Envelheço na cidade (e nas serras também)

///De tudo muito afetado, as pessoas.
///O carinha branco ainda pediu cigarro, acendeu e virou cor. Antes, olharam-se bem, como quem diz te conheço, conheceria. Talvez saiba de mim, dessas coisas já ditas que sou feito, e dos detalhes é que me valeram. Geralmente soluço ao crepúsculo me achando meio ridículo. Sabe, por um minuto e talvez agora, emboscado, cumprisse fardado a felicidade que nos escapa, única e inefável condição por que te olho e enfim, descresso. O problema -não que haja problema, é verdade- mas o problema é a culpa de quem ficamos, antepostos ao teu toque. Não nos quero agora nunca, eu nunca.
Então azul. De gelo, peso, azul.
///Fumantes, bêbados, ecstasiados, ursos, camaleões, o cara que me rouba, a puta que me olha. A ideia principal era o meio, os três cantos bons e música lisérgica. Ácido no menor, um velho desvivido criara laços perpétuos com o desachar. E havia intrínseco em sua representação profana o fundo roxo que cravaram-lhe na cara, em pequenas porções de veneno bruto ao singelo hábito, tabaco. Alguém sorriu e incomodou. Alguém, que fosse, pisou em seus pés. Alguém comprou, alguém insistiu. Alguém assistiu, alguém fez. Mas um outro alguém -nome e rabo grande- ousou dizer: Vai. Vai revirando que no teu buraco não passa boiada, passa frio, não passa nada. Sentiu as mãos tremulas. Depois, o gosto amargo e pensou que sim.
///O Suicídio.
- É isso, parece que vou indo, dessa vez sem levar nada. Nada que pudéssemos contemplar ou fingir ser a pastagem, o gramado ralo à vista distorcida do trem que nem somos. Ficamos os chinelos, os cabelos grudados ao travesseiro ainda úmido de suor gostoso e templário incompleto. Mesmo que fosse pra sentir mais tarde a gaveta da pia inchada de colapsos e manias neuróticas tuas, que não existe. Mesmo que soubesse -desavisado presságio que sou em dias frios-, mesmo que adivinhasse brincando as palavras que não seriam. Eu sempre cuidei muito de ti, pra que cuidasse de mim, mas agora me parece que não, não podes afagar o peito em mim abatido, não comerás por mim nem beberás de minha fonte. Nem eu da tua. Os pratos cheios de comida, comecei a escrever um romance naquela manhã insistida. Não disse, não digo, mas é que me poupo o exercício. Privo as imagens, guardo em minha ausência - substituindo as caras que encontro aí, pelas ruas da cidade, quem sabe não recolho o nosso fôlego, encardido-. O problema -destruo as tuas palavras- não é em nós, repito, que não existimos. O suposto receio é de mim. Eu precisava renascer e aprender a cuspir um chão familiar, como a música que tocava, ainda toca, junto com a gente digerindo o que de peso há no ar. Fora as cores que finjo tanto gostar. Mentira, eu as amo, e pago um preço caro em prestações de introspecção: a tua liberdade adjunta ao meu ocaso. Não sei o que digo, mas sei que preciso. Preciso tanto como não precisar mais e, ainda assim, ter que. Não sinto mais o prazer em tuas carnes, outra mentira, guardo a tua mão entre as pernas, mas eu não posso ter a ti, se tenho o mundo. E o mundo não me tem, se ao penhasco dos teus sonhos me prendes. Não me importa o fluxo que segue a linha do trem, não, nem quão verde deveria ser a primavera ao nosso redor. Agora eu não posso, não devo.
///Estas palavras, exatas palavras. Proferidas de uns lábios tensos, grossos. Foi tudo o que disse, ele, o que deixa. Tudoporque...

QUEM NÃO LER POR PREGUIÇA CARREGARÁ UMA CRUZINHA TAMANHO MÉDIO DURANTE O RESTINHO DA VIDA.

3 comentários:

Daniel Moreira Miranda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

QUEM NÃO LER POR PREGUIÇA CARREGARÁ UMA CRUZINHA TAMANHO MÉDIO DURANTE O RESTINHO DA VIDA, PRA EFEITO.

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Unknown disse...

acho que fazia um bom tempo que não vinha aqui ler as coisas, me senti meio culpado até, como se devesse, mas não devo, mas me senti, mas não devia sentir, mas senti, e agora?