quarta-feira, 23 de julho de 2008

Enquanto esperando sirva-se de mim. Fala-me do gosto, abocanha um pedaço a mais e geme as minhas letras. Fode a vida, escancara o nervo, assopra. Faz do vento fogo alastrando, salta do prédio do império, da ruga, do tempo. Renda-me coisas dolorosas, gastrites, manias, absurdos. Diga-me A Coisa, enquanto eu espero que me venham detalhes, me venham sexos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

coisa dita
coisa inaugural
coisa

terça-feira, 1 de julho de 2008

Envelheço na cidade (e nas serras também)

///De tudo muito afetado, as pessoas.
///O carinha branco ainda pediu cigarro, acendeu e virou cor. Antes, olharam-se bem, como quem diz te conheço, conheceria. Talvez saiba de mim, dessas coisas já ditas que sou feito, e dos detalhes é que me valeram. Geralmente soluço ao crepúsculo me achando meio ridículo. Sabe, por um minuto e talvez agora, emboscado, cumprisse fardado a felicidade que nos escapa, única e inefável condição por que te olho e enfim, descresso. O problema -não que haja problema, é verdade- mas o problema é a culpa de quem ficamos, antepostos ao teu toque. Não nos quero agora nunca, eu nunca.
Então azul. De gelo, peso, azul.
///Fumantes, bêbados, ecstasiados, ursos, camaleões, o cara que me rouba, a puta que me olha. A ideia principal era o meio, os três cantos bons e música lisérgica. Ácido no menor, um velho desvivido criara laços perpétuos com o desachar. E havia intrínseco em sua representação profana o fundo roxo que cravaram-lhe na cara, em pequenas porções de veneno bruto ao singelo hábito, tabaco. Alguém sorriu e incomodou. Alguém, que fosse, pisou em seus pés. Alguém comprou, alguém insistiu. Alguém assistiu, alguém fez. Mas um outro alguém -nome e rabo grande- ousou dizer: Vai. Vai revirando que no teu buraco não passa boiada, passa frio, não passa nada. Sentiu as mãos tremulas. Depois, o gosto amargo e pensou que sim.
///O Suicídio.
- É isso, parece que vou indo, dessa vez sem levar nada. Nada que pudéssemos contemplar ou fingir ser a pastagem, o gramado ralo à vista distorcida do trem que nem somos. Ficamos os chinelos, os cabelos grudados ao travesseiro ainda úmido de suor gostoso e templário incompleto. Mesmo que fosse pra sentir mais tarde a gaveta da pia inchada de colapsos e manias neuróticas tuas, que não existe. Mesmo que soubesse -desavisado presságio que sou em dias frios-, mesmo que adivinhasse brincando as palavras que não seriam. Eu sempre cuidei muito de ti, pra que cuidasse de mim, mas agora me parece que não, não podes afagar o peito em mim abatido, não comerás por mim nem beberás de minha fonte. Nem eu da tua. Os pratos cheios de comida, comecei a escrever um romance naquela manhã insistida. Não disse, não digo, mas é que me poupo o exercício. Privo as imagens, guardo em minha ausência - substituindo as caras que encontro aí, pelas ruas da cidade, quem sabe não recolho o nosso fôlego, encardido-. O problema -destruo as tuas palavras- não é em nós, repito, que não existimos. O suposto receio é de mim. Eu precisava renascer e aprender a cuspir um chão familiar, como a música que tocava, ainda toca, junto com a gente digerindo o que de peso há no ar. Fora as cores que finjo tanto gostar. Mentira, eu as amo, e pago um preço caro em prestações de introspecção: a tua liberdade adjunta ao meu ocaso. Não sei o que digo, mas sei que preciso. Preciso tanto como não precisar mais e, ainda assim, ter que. Não sinto mais o prazer em tuas carnes, outra mentira, guardo a tua mão entre as pernas, mas eu não posso ter a ti, se tenho o mundo. E o mundo não me tem, se ao penhasco dos teus sonhos me prendes. Não me importa o fluxo que segue a linha do trem, não, nem quão verde deveria ser a primavera ao nosso redor. Agora eu não posso, não devo.
///Estas palavras, exatas palavras. Proferidas de uns lábios tensos, grossos. Foi tudo o que disse, ele, o que deixa. Tudoporque...

QUEM NÃO LER POR PREGUIÇA CARREGARÁ UMA CRUZINHA TAMANHO MÉDIO DURANTE O RESTINHO DA VIDA.