segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Máxima

//Estava ali, esteve sempre. Mas agora estava ali e não se esboçava. Imóvel, estava ali e eu fingia que não. Então eu terminei de comer enquanto aquela alguma coisa não engolia. Limpei as mãos na coxa enquanto aquelas mãos dela não feriam. Pensei no que seria enquanto ela não era. Levantei-me contando as moedas e segui pisando enquanto ela, escondida, mas vivia. Parei, distraída, olhei: havia sumido, em seu lugar um vaso de flores da estação. E de seus rastros, apenas um: a falta que em mim me faz um pedaço de nada, contemplativa sombra, vulto paranóico. Mas assim não houve despedida, nem porquê, nem... houve todo o resto e eu me vi ecstasiada de vento na pupila. Lá dentro alguém gritou e o grito ecoou no espaço em branco ou preto não se sabe mas alguém deixou de existir e alguém melhor desafogou do útero ecoando mais e mais o grito que alguém gritou no tempoespaço do silêncio branco ou preto não se sabe mas alguém gritou...
//Assim será a história de quando eu nascer, bem se sabe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Q&Q

_Ouvi dizer sobre a vizinha que foi pro céu. Sentiu um baque e viu a luz. Tadinha, só esqueceu de lavar a louça. E agora o povo, loucos de inveja e nojentos pela pia, rezam todos os dias pra Deus iluminar o homem macho - que lave e passe e limpe. Rezam muito pela polícia - que venham dar um jeito na louça -, também pela máquina - que seja humana, que lave e passe e limpe. Às vezes reúnem-se a pedir por eles próprios: que minha casa no céu seja enorme e que alguém me cure a hemorróidas. E assim caminha a humanidade.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Um silêncio

Impressionante como eu fui virando todas as tuas palavras. Moldada, cuspida ao fisco de alguns dias anteriores - um espaço, um tempo, uma situação e o céu uma abstração familiar. Como fossem dias e eu vivesse uma vida inteira errando pelas tuas palavras já tão vividas. Valem tanto, eu me calo.

domingo, 3 de agosto de 2008

Voltei de viagem e me trouxe um pouco de volta.