//Estava ali, esteve sempre. Mas agora estava ali e não se esboçava. Imóvel, estava ali e eu fingia que não. Então eu terminei de comer enquanto aquela alguma coisa não engolia. Limpei as mãos na coxa enquanto aquelas mãos dela não feriam. Pensei no que seria enquanto ela não era. Levantei-me contando as moedas e segui pisando enquanto ela, escondida, mas vivia. Parei, distraída, olhei: havia sumido, em seu lugar um vaso de flores da estação. E de seus rastros, apenas um: a falta que em mim me faz um pedaço de nada, contemplativa sombra, vulto paranóico. Mas assim não houve despedida, nem porquê, nem... houve todo o resto e eu me vi ecstasiada de vento na pupila. Lá dentro alguém gritou e o grito ecoou no espaço em branco ou preto não se sabe mas alguém deixou de existir e alguém melhor desafogou do útero ecoando mais e mais o grito que alguém gritou no tempoespaço do silêncio branco ou preto não se sabe mas alguém gritou...
//Assim será a história de quando eu nascer, bem se sabe.