terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sugar Baby

Com um pouco de complacência abra os olhos, ainda na cama, e não pensa. Esfrega o teu corpo contra os ovos da parede, até gritarem, todos, gemendo, implorando... escuta daí a placenta excedendo em gotinhas triviais, coloridas de cinza, uma a uma, esparramadas pelas saídas, tetos, janelas, detalhes. Então levanta da cama, pisa o chão cheio dessas gotinhas cortantes e me encontra no meio de um casebre velho emporcalhado, segue as minhas pistas. Nas paredes da sala quadros sujos derretidos com o tempo, gosma empoeirada e umidade juvenil. Me vê? Atrás do cuco surrealista, sentada num canto escuro. Agarrei meus caquinhos e agora minhas mãos sangram, mas eu não posso cuidar enquanto te observo entrar com os panos molhados, quero te sangrar também. Enquanto essa música toca... Estanca?
Com um pouco de complacência abarca forte a minha mão, quebra os ossinhos dela.

domingo, 9 de novembro de 2008

Fui à cidade comprar um martelinho.
Quebrei os espelhos pra depois catar os caquinhos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Maçãs

Ontem mesmo comi uma maçã.
Chegara em casa com os olhinhos minúsculos de dores, uma peça de engrenagem à garganta, outras três na cabeça. Tranquei a porta, finalizando o truque da salvação, revisitei os clássicos da Disney na TV LCD trocada por algumas peças de meu cérebro. Chorei com o fim e depois caminhei até a cozinha. Aos meus 400 anos não gostava da porra da maçã mas uma maçã era uma maçã então eu a comi. Comi, como se não houvesse outra. Mordi o seu recheio triturando os dentes. Forcei a alma a fim de uma orgasmo digestivo. Maçã... que era tudo em minha vida. Ah maçã... mas eu não pude com o seu fim. Enquanto limpava os dentes com o dedo, coloquei a mesma música porca de sempre que repetiu repetiu repetiu. E foi aí, na decaída do fim da mesma música pro ínicio dela mesma, que percebi: maçã eu te amo. Mas te engulo, é uma pena.
Cai de cara na merda e fica. É isso, só isso.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Moleiro

nos panos da pia suja
vovó fez a janta
com a cara imunda

Um dia no escritório de Papai

Um dia, no escritório de papai... (ai)