domingo, 15 de março de 2009
Sobre os cachorros loucos
Queria dizer sobre as flores mas há o asfalto. E nele fervemos com o calor suando entre os dedos, atrás das orelhas; nele nossa desesperança, nossos passos estacionados, zona azul. Nossas roupas, nossos olhares atentos, a bosta quente, nele o ovo frito. A gordura, os nomes vendendo, nele a paz urbana com um nó no pescoço. Deus, nele nosso altruísmo, nossa esperança também, nele a pretensão de eu ser. A escadaria, nele nossos joelhos, pedregulhos e marcas de pneu, marcas à pau. Nele as sacolinhas recicláveis. Nele um canto de nossa culpa em concreto armado, o sangue de menstruação. Nele nós, a flrozinha e tudo o que somos chapinhado em arame farpado nos muros ao redor do asfalto.
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Um comentário:
Nós, nascendo no asfalto quente.
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