quarta-feira, 18 de março de 2009

Todos os dias acordo com os olhos inchados de pus e escorrendo sangue, feridos. Olho-me ao espelho com a cara amassada e sinto-me nauseada pela meleca gosmenta que escorre daqueles dois cortes abertos e vivos. E depois de ver-me com um pouco de dificuldade, todos os dias, lavo os olhos com água boricada, uma solução minha para o meu problema. O sangue vai mas o peso continua, fica como um ruído agudo zunindo no centro da minha cabeça. Costumo encher o dia de músicas, arrumar coisas pra fazer e depois cansar-me, descansar, passar mais duas ou três horas no meio do dia deitada de bruços, assistindo a uma cena, seja em minha mente, seja no cubo de açúcar... ou então saio às ruas e descubro o mesmo peso nos meus passos mudos que deixei pra trás em meio a multidão, calados em meio ao que parece o lixo do que parece a alegria. Conto comigo mesma os meus grãos de vivacidade, todos os dias, como minha mãe provavelmente faz com as contas, o aluguel da casa, às vezes com um pouco de vitória nos olhos. Para vê-los brilhar como os olhos das pessoas e da minha mãe, preciso sempre "gastar" meus grãos, meus esboços com a solução pra minha vista... E aí percebo que todos os meus esforços são para manter-me vendo, mas nunca toco, não pego na meleca gosmenta do caos. sei lá..

2 comentários:

Daniel Moreira Miranda disse...

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Unknown disse...

Sempre fluida essa Meni..